out
2017
Enquanto a Indústria 4.0 não vem
Guest post por Patrisia Ciancio >>
A quarta revolução industrial ou indústria 4.0 ainda não é uma realidade no Brasil, mas o modelo de fábricas inteligentes mudará em definitivo o paradigma das relações.

3D render of a robot with nuts and bolts
Computação em nuvem, Internet das Coisas, Big Data e outras tecnologias já começam a ser democratizadas para companhias de menor porte aproximando a dita revolução tecnológica do cidadão comum. Por conta disso, estudar a nova atmosfera é essencial para vislumbrar estratégias de inserção nesse mercado, que tem quatro pilares: virtualização das operações, descentralização, customização e operação em tempo real. Nesta entrevista, o especialista em Middleware Glaucio Guerra, que já trabalhou em empresas como Oracle e B2W, descreve as demandas desse cenário e dá dicas de sites para ler se aprofundar quanto aos temas do momento.
Patrisia Ciancio: Muito se fala da quarta Revolução Industrial graças a tecnologias como a computação cognitiva e a Internet das Coisas. O que muda na produção e no consumo com esse novo paradigma?
Glaucio Guerra: A automatização extrema, sem supervisão humana, é o estado da arte na indústria. A computação cognitiva e a Internet das coisas são tecnologias que podem tornar isso realidade. Não depender da figura humana em um processo industrial propicia redução de falhas, aumento da produção e redução de custos. Produtos mais baratos, seguros e mais rápidos de serem produzidos sem duvida aumentam o consumo. O outro lado da moeda é o tipo de impacto que a sociedade pode sofrer, tirando funções que antes eram executadas por humanos e no futuro serem 100% automatizadas.
Patrisia: Objetos que têm a capacidade de “ver” e “ouvir”. Como é possível processar todo esse enorme volume de dados para chegar ao valor informação?
Glaucio: Sem dúvida Big Data hoje é a solução para o processamento de dados em grandes volumes. Quando falamos em Big Data parece ser somente um único produto ou solução que vem em uma caixinha pronta para o uso. Para implementar o Big Data é necessário uma série de ferramentas e pessoas especializadas em diversas funções, além claro de grandes recursos computacionais e algoritmos de inteligência artificial e machine learning, que fazem as máquinas “ouvirem” e “enxergarem” o mundo real.
Hoje esse tipo de tecnologia é muito mais democrática que há poucos anos atrás. Antes somente grandes empresas tinham a capacidade de processar grandes volumes de dados. Hoje com um cartão de crédito e alguns dólares é possível alugar um servidor na cloud de grandes dimensões e simplesmente desligá-lo quando o seu processamento acabar. Acredito que esse facilitador estimule pequenas empresas e empreendedores a navegarem nesse novo mundo e possa trazer para mais perto a revolução tecnológica.
Patrisia: O Brasil está em qual patamar nesse cenário?
Glaucio Guerra: Assim como Big Data, IoT ainda está longe de virar mais um commodity da computação no Brasil. Existem iniciativas isoladas em alguns setores, como agricultura e cidades, mas com um número muito superficial. Para variar, os EUA saem na frente com mais de 550 empresas no setor. Não existe nenhum estímulo ou interesse do poder público, seja ele federal ou estadual, muito pelo contrário, os impostos para a importação de produtos de IoT (assim como qualquer produto importado) dificultam principalmente o empreendedor que deseja iniciar uma startup na área. Além de ter pouco recurso financeiro, na maioria das vezes ainda existe a burocracia de entrada de itens importados no país.
Patrisia: Como o profissional de Marketing pode ficar antenado a essa revolução e acompanhar a evolução desse movimento internamente?
Glaucio: Acompanhar grandes empresas como Amazon e Google já deve ser parte do dia a dia do profissional de Marketing. Porém para IoT eu recomendo acompanhar as startups, quem trazem muitas novidades para esse mercado. Eu costumo sempre olhar o https://angel.co como referência de startups, principalmente por conta das ideias que podem ser também aplicadas no Brasil, o que seria um sonho tropicalizar startups de sucesso aqui.
Patrisia: Que fontes de estudo e de pesquisa você recomendaria se fosse pensar em um roteiro do mais básico ao avançado?
Glaucio: seguem algumas dicas de leituras básicas:
https://www.forbes.com/sites/n
https://www.i-scoop.eu/how-the
http://www.smartinsights.com/m/
Roteiro avançado: acho interessante começar pela prática e adquirir algum equipamento como de captura dos dados, como arduino e raspberry PI e por a mão na massa executando projetos DIY (do it yourself ) disponíveis em vários sites:
Eu particularmente prefiro o Raspberry PI pois possui um poder de processamento interessante e suporta linguagens de programação mais “alto nível” como Python e Node (Javascript). Além disso também possui uma GPIO semelhante ao Arduino, podendo adicionar diversos tipos de sensores de umidade, temperatura, presença, ultrassom, entre outros.
Para tópicos mais avançados, eu indico estudar o funcionamento dos gateways de IoT, fundamentais para qualquer ambiente já em produção onde a carga de dados é intensa. A AWS da Amazon, IBM e Microsoft possuem gateways na nuvem, que valem a pena serem estudados, são muito completos e fazem muito além da captura dos dados, oferecendo dashboards, algoritmos de IA entre outras funcionalidades (todas muito bem pagas, claro)
https://www.ibm.com/internet-
https://www.ibm.com/internet-
Patrisia Ciansio é jornalista com mestrado em Relações Internacionais pela Universidade Fernando Pessoa, Portugal. Especialista em Comunicação Corporativa, acumula 20 anos de experiência, tendo atuado em jornais, revistas, sites, eventos internacionais, Marketing e Assessoria de Imprensa.